Viagem
Se era essa minha sina, aceitei.
Breve despedida.
Com uma das mãos, apanhei a rosa que chorou uma pétala rubra.
Com a outra, arrumei sua camisa manchada de pressa e adeus.
Súbita partida.
Nem um dia esqueci, esquecerei aquele segundo.
Lágrimas jorraram enquanto eu voava alto.
A flor não resistiu à viagem e desfez-se sobre o oceano..
De lábios e olhos cerrados, vi a saudade me seduzir.
Longa jornada...
De lábio e olhos abertos, cheguei ao meu destino.
O que faltava não estava nas malas, mas longe...
E perto, o desconhecido.
Aprendendo a reaprender.
Vozes sinistras que falam, se antes não me diziam nada, agora dizem algo.
Não é o que eu gostaria de ouvir e, às vezes, ouço de longe
bem brevemente e sorrio.
Vozes queridas!
Em breve repousarão enquanto nelas pensarei por horas!
Desfruto destes frutos daquela saudosa árvore que brota tão longe
e cuja sombra me fazia tão bem.
Distante, vim procurar algo e encontrei: a solidão.
Quando aprendi sua língua, para ela falei sobre mim, sobre nós, sobre todos,
mas ela, sobretudo, calou-se...
E com seu silêncio, fui aprendendo muito mais sobre mim:
a crescer, a amar, a refletir; e a querer, por fim,
regressar.
16/08/2001