calma e presença

com toda calma do mundo

seguro minha alma

dentro de um copo vazio

levo até a boca

e engulo a mim mesmo

que se tivesse condenada

a suportar a solidão e a existência...

vou sorver a taça de vinho

como se eu tivesse sorvendo

o sangue de um deus

comerei pão

como se roesse seus delicados ossos

e minha fome e avidez

fosse o pecado da carne,

da gula,

e da vontade desesperada de sobreviver

como aquele que ressurge após um profundo

mergulho,

e se mostra cianótico e tonto

mas importantemente vivo...

e com a calma de monge

cumprirei todos os rituais

dos cotidianos até os mais arriscados

só para fincar os pés no mundo

e imprimir minha presença

em sua retina

e em sua memória

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/07/2007
Código do texto: T559303
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