calma e presença
com toda calma do mundo
seguro minha alma
dentro de um copo vazio
levo até a boca
e engulo a mim mesmo
que se tivesse condenada
a suportar a solidão e a existência...
vou sorver a taça de vinho
como se eu tivesse sorvendo
o sangue de um deus
comerei pão
como se roesse seus delicados ossos
e minha fome e avidez
fosse o pecado da carne,
da gula,
e da vontade desesperada de sobreviver
como aquele que ressurge após um profundo
mergulho,
e se mostra cianótico e tonto
mas importantemente vivo...
e com a calma de monge
cumprirei todos os rituais
dos cotidianos até os mais arriscados
só para fincar os pés no mundo
e imprimir minha presença
em sua retina
e em sua memória