Chuva

Chove agora todas as lágrimas que jamais verti

Chove agora todas as mágoas que jamais confessei

E dói no corpo e na alma este vento frio

Os pés molhados a caminhar a ermo

Chove os primas desconhecidos

embassam a visão

conturbam a compreensão

a sonolência e o cansaço

adormecem minha alma como uma cantiga infantil

e repetitiva

penso em protestar...

vou protestar

erguerei um obelisco,

um impávido colosso,

um grito seco que não adquire som

E calado sigo ao sono

como se fosse para a morte

De nada me adianta pensar,

retrucar

o destino e a chuva são absolutamente

irrevogáveis...

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 10/07/2007
Código do texto: T559298
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