Chuva
Chove agora todas as lágrimas que jamais verti
Chove agora todas as mágoas que jamais confessei
E dói no corpo e na alma este vento frio
Os pés molhados a caminhar a ermo
Chove os primas desconhecidos
embassam a visão
conturbam a compreensão
a sonolência e o cansaço
adormecem minha alma como uma cantiga infantil
e repetitiva
penso em protestar...
vou protestar
erguerei um obelisco,
um impávido colosso,
um grito seco que não adquire som
E calado sigo ao sono
como se fosse para a morte
De nada me adianta pensar,
retrucar
o destino e a chuva são absolutamente
irrevogáveis...