A PRIMEIRA PESSOA

A PRIMEIRA PESSOA

autor: j.r.filho

Sentindo n’alma uma saudade imensa,

Nunca sentida em tempo de rapaz,

Acompanhada por uma dor intensa

Que não me dava um instante de paz...

Deixei-me estar, mais que languidamente,

Sob o torpor do tenaz sofrimento,

Tentando encontrar, desesperadamente,

Qual a origem desse meu tormento.

A mente lépida, mas em torvelinho,

Mil regiões do cérebro perscrutava;

Tal qual espinho incrustado no ninho

A dor pungente mais dilacerava.

Essa saudade pode ser amor,

Impregnando a dor que me consome?

Será possível, em que aspecto for,

Sentir amor, afeto, por um homem?

Conjecturas... Mais reflexões...

E o pensamento tenta achar um nome

Que possa explicar, sem aberrações,

O amor que tramita de homem pra homem.

Dados são cruzados, sem definição,

Impossível achar tal envolvimento:

No qual a saudade rasga o coração

Tornando lembranças em padecimento.

Vislumbro, enfim, o nome: JOSÉ.

Homônimo do meu, e, o enigma cai...

Aquela saudade, sem “appeal” de mulher,

Era de um homem magnífico: meu PAI.

Do meu livro: o Homem, o Tempo e a Poesia.

Amélia Rodrigues-Ba. 30 de julho de 2001.

José Rodrigues Filho
Enviado por José Rodrigues Filho em 23/03/2016
Reeditado em 10/08/2017
Código do texto: T5582581
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