A PRIMEIRA PESSOA
A PRIMEIRA PESSOA
autor: j.r.filho
Sentindo n’alma uma saudade imensa,
Nunca sentida em tempo de rapaz,
Acompanhada por uma dor intensa
Que não me dava um instante de paz...
Deixei-me estar, mais que languidamente,
Sob o torpor do tenaz sofrimento,
Tentando encontrar, desesperadamente,
Qual a origem desse meu tormento.
A mente lépida, mas em torvelinho,
Mil regiões do cérebro perscrutava;
Tal qual espinho incrustado no ninho
A dor pungente mais dilacerava.
Essa saudade pode ser amor,
Impregnando a dor que me consome?
Será possível, em que aspecto for,
Sentir amor, afeto, por um homem?
Conjecturas... Mais reflexões...
E o pensamento tenta achar um nome
Que possa explicar, sem aberrações,
O amor que tramita de homem pra homem.
Dados são cruzados, sem definição,
Impossível achar tal envolvimento:
No qual a saudade rasga o coração
Tornando lembranças em padecimento.
Vislumbro, enfim, o nome: JOSÉ.
Homônimo do meu, e, o enigma cai...
Aquela saudade, sem “appeal” de mulher,
Era de um homem magnífico: meu PAI.
Do meu livro: o Homem, o Tempo e a Poesia.
Amélia Rodrigues-Ba. 30 de julho de 2001.