Vivências
Depois de muitos anos retornei
A um lugar perdido nas areias do tempo
E a memória abriu seus arquivos secretos
E trouxe a tona em questão de segundos
Imagens, palavras, casos, fatos e cheiros
O coração disparou feito uma boiada estourada
Talvez não queria rever
Os amores que se perderam no passado
E a vida parece que parou, inerte e imóvel
Assim como o velho relógio
Da antiga estação de trem
Que há muitos anos deixou de trabalhar
O silêncio era acusador
E dele saia mil vozes, veladas vozes
Um suor frio, gelado, pálido e gélido
Tomou conta do velho corpo arcado
Não havia luzes e nem emoção
Era um misto de saudades e lembranças
Um pássaro preto cortou a estrada solitária
Seu canto era nostálgico e triste
Lembrei me em minutos
Dos momentos que são eternos
E segui sozinho o meu caminho
E aprendi com as minhas vivências
Que nada é para sempre
Que tudo é efêmero como o vento
E que tudo passa rapidamente
Como uma estrela cadente
E no final da vida
No leito amigo de tantas horas partilhadas
Um ultimo suspiro, um adeus sem volta
Aos poucos amigos que sobraram:
Família