VELHA INFÂNCIA

Tenho pés descalços,

Como de outros meninos,

Lavando-se na água

Que corre ligeira da serra.

Os gritos costurando o vento,

Os risos soltos como os sonhos bons.

As mãos colhendo pitangas.

Os olhos catapultando-se nas luzes

Que se esverdeiam nos buritis.

E a gente já aprendeu, desde cedo,

A brigar com o galopar do tempo

Laçando, sem juízo, o sol poente,

Porque temos medo de crescer.

De tudo que a vida nos dá,

E que evitamos, é o outono

Crescendo dentro de nós.

De tudo que a vida nos dá,

E queremos reter, é a primavera

Se enlaçando em nossas pernas.

Quero ser eterna criança,

Com gosto de frutas na boca,

Exalando cheiro de mato.

Paulo Pazz
Enviado por Paulo Pazz em 21/02/2016
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