Moldando uma história
Domingo vai se despedindo entre sombras e azul,
E os pássaros voltam para casa, estão animados;
Cantam aqui, devem cantar aí e cantam nesse sul,
Emprestam trilha sonora para esse poema rimado.
Hoje a saudade visitou o dia, sentiu falta, resistiu,
Admirou, e nesse conter, tantas palavras sufocou;
Calou pra não fazer sofrer, mas de longe, assistiu,
Quem belamente voou, em asas que o céu riscou.
Por um momento tristeza me visitou, tanta beleza,
E a alma se encanta, como se fosse a primeira vez;
Só, ainda que tente, não entende, leveza e aspereza,
O beijo e o tapa, verso e o silêncio, nunca e o talvez.
A poesia verte de uma fonte inesgotável, inebria o dia,
Molda uma história, faz pulsar as veias, aquece, esfria;
Ilumina o olhar, o sorriso, retira a dor, ameniza agonia,
Mas tudo é irreal, loucura, fantasia, é somente poesia?
Não, não precisa responder, ouço o teu silêncio baixinho,
Na verdade, já sei o que ele vai me dizer, me contento;
Sonho ou realidade; apenas vem, aninha feito passarinho,
Que esquecer, desisti; te amar não é nenhum sofrimento.