Selfie
Um poema decolou de algum lugar,
E pairou mansinho diante da porta;
Um tácito pedido para nela entrar,
Quiçá, até uma selfie comigo tirar,
Para ilustrar o que o dito, reporta...
Ele é feito de saudade e de ternura,
brilham meus olhos quando desfila;
a pele de meu poema, linda alvura,
porte de princesa elegante estatura,
nos olhos exibe fartura, de clorofila...
Meu poema de belos montes e vales,
Locais propícios pra descobrir o fogo;
meu poema é razão de bens e males,
entorpece como a coca, do Morales,
mas, é torpor lícito, faz parte do jogo...
Asas que dependem de minhas penas,
O trazem altaneiro, no voo da saudade;
agora, o meu poema é devaneio apenas,
Ora tempestuoso, ou, em brisas amenas,
Estraga muito, toda vez que me invade...
O que mais direi de meu poema, enfim,
Se, ausente faz baça a vidraça da janela;
Sobre o “não”, o adesivo fantasia do sim,
No fundo, é apenas uma selfie de mim,
Que me desnuda, e acaba retratando ela...