Presa...
Lembro-me bem de quando eu era livre
Não liberdade de vigilâncias...
Não, sempre comprei minha alforria à altos preços.
Não__ Era uma liberdade de alma!
Nas noites enluaradas
Nas gargalhadas soltas
Na ausência de culpas
Na permissividade para " SER "
Cantar todos os cantos da terra
Andar pelas madrugadas sem medo,
sem hora para fechar meus olhos,
ou torna-los a abrir!
Era toda uma loucura consciente
Latente no sangue... Mais vermelho
Sim...Tenho certeza que era mais carmim!
Hoje, sem minha velha liberdade morro
Definho um pouco a cada dia
Doem-me os ossos
Entristece a poesia...
Não que tenham agrilhoado meus pés
Ou cortado minhas asas
Não, a mais triste e cruel verdade
é que eu mesma me confinei aqui
Entre muros de papel
e grades de fuligem...
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Louca Solidão...
A solidão está mais densa.
Ela me é bem familiar
Desde menina, anda comigo.
Mas ultimamente ela tem ganhado ares de eternidade...
Como uma verdade que já não se pode contestar
Uma segunda pele, a mesma impressão digital
Talvez o mesmo código genético!
Intrínseca!
Indivisível
Constante
Ao ponto de não mais incomodar!
Como se tivesse sido parida junto à mim
Uma sombra da minha sombra
Louca, inspiradora...Velha solidão!
Esteve comigo durante toda minha longa vida
Vida cansada...Angustiada...
Cheia de lufadas de ventos quentes
Sufocantes...
Sempre mais difícil do que antes...
Nunca fácil...
Nem sequer uma guarida...
Doida solidão
Doida vida!
E se já não posso vence-la
entrego meus pontos...
Pronto!
Que seja parte de mim!
No andarilhar dos ponteiros do tempo
Na aceitação do que não posso mudar
Em cada verso meu...
No encontrar das palavras sagradas
Nos poemas que surgem sós...
Solidão...Eis-me aqui,
possua-me, então...
Elisa Flor