FASCÍNIO
Fazer o que gosta
O êxito do êxtase transcendente:
O brilho no olho
Sem cisco;
A fixação na imagem
Da forma disforme
Na expansão do espaço.
O lúdico sem pudor
A alegria do amor!
O sorriso espontâneo
Da inocência.
O perfume agreste
No serrado quente
Da brisa morna
Do meio dia.
Fascínio é a vida humilde
Santa beatificada
Canonizada,
Sinhá Chica.
Contemplar
A mulher amada
Sem a luxúria desejada.
E a própria levitação.
A viagem
No tapete mágico
Das galáxias.
O canto do pássaro
Sagrado
Na gaiola amazônica,
O irapuru.
A assunção de Maria,
A ascensão de Cristo Nosso Senhor.
As setenta e quatro primaveras
No jardim da terra
O laboratório da existência
Em descobertas constantes
De alegrias
E conquistas
Transbordando
Em regozijo latente
Sorvendo a cada instante
Toda a seiva prometida
Na escolha certa
Na caminhada
Do corredor da vida.
O ensaísta filósofo Gibran Khalil,
Poeta árabe pintor:
A multiplicação dos camelos
A universalidade
Da posse do filho
Consolo
Dos corações aflitos dos pais.
O som
Do silêncio
Da noite escura
Na visão contemplaria.
A luxúria
Do sobrevivente autor
Poeta livre de prosa e verso.
O sopro
Das setenta e quatro velinhas
Sem apagar da tela
Tantas estrelinhas
Que se tornam eternas:
O sopro
Contido no peito ufano
De clara consciência
Do dever cumprido.
A mutação do tempo
A marca indelével
Do objetivo proposto
A grafia meteórica,
A disponibilidade,
Terceiro terço da vida.
A flor branca de pólen amarelo
A isca propícia ao inseto,
Fertilizando
A produção do fruto
Saciando a sede desértica!
Bhte. 04/05/2013 - Atalir Ávila de Souza (setenta e quatro anos)