As Saudosas Páginas

Quanta saudade,

Dos tempos em que meu pouco

Tanto era que mal cabia em meu coração.

Das tortuosas e já amareladas

Páginas do meu passado,

Onde tudo era tão alegre e colorido,

Sinto falta.

Na memória tenho

Os áureos tempos

Em que corria pelos parques

Sob o olhar atento de mamãe

E com a companhia de meus fiéis amigos.

Lembro-me dos dias

Em que era permitido

Sujar-me de terra

E comer quantos brigadeiros quiser.

Faz-me falta

Aquele entardecer

Quando se formava

Uma roda de amigos

E a conversa começava

Até o frio da madrugada

Mandar cada um para sua casa.

As páginas do meu presente

São foscas, sem vida.

Tão corretas

Que quase me petrificam os sentimentos.

Nas horas do meu relógio,

Só cabem os meus duros deveres

De homem adulto e moderno.

Hoje meu muito é tão pouco,

Tão escasso que deixa um frio e um vazio

Lá dentro do meu coração.