Aquela Casa
Aquela Casa
De dentro da casa, pela janela da sala,
Os olhos ansiosos buscam pelo jardim,
Mas aquele jardim já não está mais lá,
Não há flores, nem cores, nada enfim.
Tudo tão estranho, tudo tão em desalinho,
O mato agigantou-se, intimidou as flores,
Das roseiras, nem uma rosa, só espinhos,
Canteiros se perderam na falta das cores.
Naquele adeus, o jardim despiu-se das flores,
Daquelas flores despediram-se todas as cores.
Então, fechou-se a casa por trás das janelas,
E das flores, o perfume de cada uma delas.
Aquele jardim, nas suas cores e suas flores, vivia dela,
As flores não enfeitavam a casa, enfeitavam-se para ela.
Os perfumes que enchiam a casa não vinham das flores,
Vinham dos seus encantos, dos seus cantos e seus odores.
Hoje, naquela mesma casa, reside viva a espera
Pacientemente, por trás das portas e das janelas
De alguém, de outro jardim de outra primavera,
Que lhe enfeite de flores e lhe dê o aroma delas!!!