Lua de sangue
O sol suga o peito da Terra, bebe minhas flores,
Doze horas mamando garante a noite de sono;
Esse mágico leite que vertido em diversas cores,
Permutam com ele, vida por luz; pão por abono;
só vejo, não interfiro em escambo alheio, enfim,
acho, que, no fundo, estão laborando por mim...
A cor só faz sentido se, consorciada com a luz,
do contrário, lhe furtaria a noite com seu capuz;
então, sol e flores repousam no mesmo horário,
tento, mas, a alma tem suas razões, ah, a insônia;
como descarregar de vez, certo peso imaginário,
pequeno, me cabe, mas, vasto qual a Amazônia?
Saudade sugando a alma sorve toda a minha paz,
Deixa uma guerra inglória contra inimigo incerto;
Desgraçadamente é muito amplo o que ela traz,
Mas, uma amplitude vasta e seca, como o deserto;
deserto faz miragens, não confiamos no que vemos,
sem fruir; bagagem, pesada posse do quê não temos...
Amar só faz sentido com a réplica que corresponde,
Senão, é apenas um gol contra, como um tiro no pé;
Mas, o botão que desliga o amor, encontrá-lo onde,
Resta a sina, “walking dead”, existência mixa, ralé;
Flores fazem trocas com o sol e devaneio a face tua,
Cheia de luz, vida... mas, é de sangue a minha lua...