Cidade

Seu esmero é manifesto em desdém,

Quando o olhar permeia o além.

Da fissura na janela,

O mancebo objeta aquilo que tanto anela.

Luzes fulgidas evanescem o anoitecer.

Inflamando a ânsia do pacato, ser,

Pois sua volúpia reside no conhecer

O porquê a cidade parece nunca esmorecer.

Foi, então,

Que durante a profusão,

De inveja e gozo,

Aquele planar tépido fez-lhe menos auspicioso.

Uma pequena ave acalantou seu dorso.

Da cidade sem dúvida ela vinha,

Visto que, penas brancas, não detinha.

A plumagem cunhada nas nuvens fabricadas,

Mostrava que a avezinha estivera naquelas ruas afortunadas.

Por conta disso o mancebo muito a inquiriu,

Todavia, a emplumada só fitava o céu anil.

Nosso moço assim decidiu,

Oferta-lhe de cantil.

Nesse instante, contudo, a avezinha se arvorou,

Eximiu-se do jovem corpo,

E voou,

Rumo a seu próprio escopo.

Taciturno, ficou o simples rapaz.

Indagando-se se ela olharia para traz.

A Profusão fomentou a dilação.

Ele guardava, então, outra visita da civilização.

Rodrigo Leme de Oliveira
Enviado por Rodrigo Leme de Oliveira em 26/09/2015
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