Primavera

Quando meus pés
pisam à umidade da
terra, nos lugares aonde
haveriam frutos
 
Onde haveriam flores
há apenas folhas, a tarde
não amarela em seu setembro
no lugar aonde seria a primavera
 
Troncos esquecidos,
umedecidos, arvores
no chão e outras caindo,
pareço cair com elas
 
Na dor que estou
sentindo, vendo um
grão perecer
e o outro desistindo
 
Fogem as sementes
na chuva a se abrigarem
em outro solo, sofrido,
árido, estéril
 
Onde nada germina
nem floresce
como o grão que
dentro de mim perece
 
Como a solidão de uma
arvore, na imensidão da
floresta sem as estações
sonhadas esterilizam espécies
 
 A arvore sonha suas flores e
frutos, sem outono e inverno
ela espera e, eu sofro sozinha
a morte em mim, da primavera