Lágrima
De amores imperfeitos
A vida vai se fazendo
E a cada esquina recusada
Um carro passa e a fumaça intoxica.
O céu azul se desfaz em chuva
Que cai fria e dormente
Divaga na calçada
E leva aquela folha verde, enlameada.
Chega um sopro frio na pálpebra
Que fecha e cai uma gota salgada
Percorre o lábio e vai até o busto
Escorre lentamente até o umbigo.
E ali permanece.
Escondida no refúgio do ser.
Lá ninguém percebe que a tristeza
É explícita e intolerante.
Viajou no corpo inteiro,
Deixou aquele rastro molhado
E cheio de saudade.
De lá eu não saio – disse a lágrima.