Alma sombria
Prólogo:
"Saudade! és a ressonância de uma cantiga sentida, que, embalando a nossa infância, nos segue por toda a vida!" (Da Costa e Silva, Pandora, p. 83).
Meu espírito e alma sombria
vão ao encontro da alegria,
do clarão dilucular, difuso,
do amor que sobeja na fantasia,
deixando-me surpreso e confuso.
Sem causa o abandono me extasia
na tristeza do momento da dor,
esmaecida pela cândida poesia,
que faço temendo o desamor.
Causam-me fráguas a triste alegria
do doce olhar de tua alegre tristeza,
que tende aumentar na melancólica
espera do reencontro, com ânsia dissipada,
na soturna expectativa da silenciosa
fugaz espera da nostálgica lembrança.
Os sofrimentos que vivenciamos
feneceram pelo tempo de bonança,
no casto amor infindo com pujança.