Aviões de papel
Vejo aviões de isopor,
vejo gaivotas circulando em torno deles,
vejo sonhos que se apagaram tão cedo,
nas lembranças de desejos em aviões de papel,
vejo vôos solitários, vejo pilotos fantasmas,
pegando carona em um Barão Vernelho ilusório,
num céu de nuvens pintadas à tinta óleo,
nessa tela de azuis inventados,
vejo aviões de vidro sobre prateleiras esquecidas,
vejo garças com graça e asas de plumas,
vejo olhos esperançosos que há muito se fecharam,
dormem nas redes invisíveis de um portal mágico,
num paraíso de letras e encantos profetizados,
vejo aviões em vôos rasantes, sem escalas,
vejo águias no alto de montanhas sem ventanias,
vejo origames dobrados com perfeição,
ofertados com bonsais para uma prece budista,
na ponte da ilha do mel onde as ondas quebram nos rochedos,
lá está sua moradia, sua presença, sua alma,
vejo aviões e sei que um dia a encontrarei novamente...
*Para Tati que se foi tão cedo, aos 24 anos, me prometendo voltar...