Perdida no tempo
Hoje é noite de Lua azul no céu a cintilar,
na mão uma taça e na outra um papel,
versos inebriados pela saudade, por criar,
nem tão doces como mel, nem tão amargos quanto fel.
Tornei-me tão somente mais uma ébria do amor,
no cantarolar de um solitário e boêmio coração a vagar,
repletas de rimas, pesarosas trovas, assim gritava minha dor,
dentro de um silêncio que ninguém mais poderia suportar...
Eis a hora turva inefável ao exímio poeta,
como quem chora sem chorar e grita sem gritar,
seguindo a deriva sem um rumo ou mesmo uma meta,
chora comigo poesia, chora comigo quem também não pode poetar...
Segredos segregados de um tolo mundo a zelar,
esconde oh minh'alma, a melancolia, pois já nem podeis mais chorar,
secando-me os olhos de um incontrolável lacrimejo,
olho para além do infinito onde assim ainda sei que o vejo.