A SAUDADE
A saudade não é inocente
Ela já chega sabendo onde dói
Destrói os sonhos dos incipientes
E enegrecidas catedrais ela constrói.
A saudade corrói mais que o tédio
E assim desgasta pouco a pouco a vida
É tentador o topo de um prédio
Quando se está num beco sem saída.
A saudade não é passageira
Ela se instala como um vírus pegajoso
Ela segue mortalmente a vida inteira
(Ficar sozinho é algo muito perigoso...)
A saudade sempre vem com um bom motivo
Uma razão plausível ou qualquer desculpa
Ela faz parte da vida do que é vivo
E cruelmente sempre aponta a nossa culpa.
A saudade, às vezes, é remediável
E com o remédio ela remediada está
Mas a saudade só poderá ser tratável
Se você cogitar voltar ao seu lugar...