Saudades na Mala
Levo na mala a saudade
Guardada no peito os sonhos
A mente inebriada de desejos incontidos
Pensamentos que não consigo esquecer
São retratos falados
Gritados aos quatro ventos o que preciso ocultar
São palavras de amor ao mundo
Coisas que eu anseio esconder para ninguém achar.
Levo na mala o tempo guardado
Os cheiros dos temperos da comida feita pela avó
O bolo de milho, o mingau preparado, a cantoria no rádio de pilha
E o perfume do café pilado em casa feito no fogo de lenha logo que o galo cantava.
Uma saudade danada!
Ouço ainda os chinelos raspando o chão da cozinha pra assoprar o fogo com o abanador
A lenha de mameleiro perfumando a casa
Não deixo que ninguém a toque nem abra para que os sonhos dali não escapem.
Meus retratos ao vento,
Memórias banhadas de lágrimas,
Felicidade que se guardou e se transformou em saudade.
Na mala os dias vividos
Os livros , os contos em cordel, mil contos de amor contado pelo meu avô,
Uma infância cheia de contos encantados.
No olhar distante a melancolia de um amor perdido,
Nas mãos versos inteiros de um querer que toma conta de mim
E que as muitas palavras jamais conseguem expressar esse sentimento inacabado
Um tesouro guardado!
Vestígios do que vivi e que na mala escondo pro resto do mundo não descobrir.
Apenas saudade e nada mais,
Tudo que há em mim.
Paula Belmino