MEDO DA NOITE
A cantiga pode ser doce
Pode ser calma
Pode ser de ninar
Quando cai a chuva leve
E eu sinto um vento frio
Ouço aquela canção
Que as vezes me faz sorrir
Outras vezes me faz chorar.
Assobia o vento lá fora
Que atravessa meu telhado
Que chacoalha minha janela
Vem um sussurro que se arrasta
E aos meus ouvidos nefasta
E me encolho entre as cobertas
De saudade o meu coração
Meu plangente coração aperta.
Uma cantiga calma
É a minha preferida
A minhas irmãs ali comigo
Contam-me histórias
Falam de amor e poesia
Devagar, entre passos
Chega minha mãe
Acende a lamparina
Afaga os meus cabelos
Me diz que há um anjo
Que toda noite não tarda
Com uma reluzente espada
Vela me o sono e me guarda.