CONTAMINAÇÃO
CONTAMINAÇÃO
Apavoram-me as suas vestes
de normalidade
Foi na página da loucura que abri seu livro
Comprei até um marcador de metal
pesado
para que nunca desmarcasse aquela fantasia
Eras um idílio
com gosto de algodão doce
Fazia festas no salão da minha imaginação
Roubava as garras de todos os meus segredos
e me punha nua a dançar
na palma de sua mão
Sem medos
Brincavas comigo de palavrear
Fazia de uma letra
ar
fante minha respiração
Olhava em volta e nada via
palavra extasiada
Tudo emoção
E agora,
chega-me cheio de concretudes
de verbos facilmente desvendáveis
inteligíveis
decifráveis
onde se enlameastes menino
de tanta coerência?
Pareces outro
O algodão doce perdeu a consistência...
Líquido,
derrama-se agora
pelas vielas do senso comum
Perdi a fome menino
Farei jejum