VOU-ME EMBORA PRA INFÂNCIA
Vou-me embora pra infância
Lá, meu pai é meu herói
Lá sou protegido por mãe
E a sua palmada dói.
Minha avó é meu refúgio
Meus irmãos sãos meus guerreiros
Meus primos são meus amigos
Meus tios meus conselheiros.
Vou-me embora pra infância
Lá brinquei de roladeira
De pneu e de carrinho
Atirei de baladeira.
De pequeno, de escola,
De policia e de bandido
De garrafão, garrafinha
De achado e de perdido.
De mancha e sete pecados
De cai no poço também
de rabinho do cometa
Locomotiva e de trem.
Vou-me embora pra infância
Lá brinquei de trisca e esconde
De corrida e passarás
De roubar fruta do conde.
Lá brinquei de borboleta
De figurinha colada
De carteira de cigarros
Embaixo de uma latada.
Brinquei de bila e de bola
Brinquei de BNB
Beijo Na Boca era a sigla
Que nunca vou esquecer.
De meu e seu e só meu
Lá brinquei da margarida
De grilo, circo e palhaço
Fez parte da minha vida.
Vou-me embora pra infância.
Lá eu brinquei de cinema
De empinar papagaio
E de desenhar emblema.
De mata-mata e de dama
De vispa também de fires
De espetar peixe no chão
De imaginar doce no pires.
Vou-me embora pra infância
Se por lá eu passei fome
Mas enchia a esperança
Sem nunca sujar meu nome.
A saúde inabalada
O meu riso de criança
Meus amigos de verdade
Tudo era uma bonança.
Brigava mas perdoava
Chorava depois sorria
Na maior felicidade
O amor sempre existia.
Vou-me embora pra infância
Cantar o hino nacional
Na escola era sagrado
Era um dever matinal.
Fazer o dever de casa
Botar água em roladeira
Ir ao mato sem ter medo
Buscar lenha pra fogueira.
Vou-me embora pra infância
Escrever cartinhas lindas
Pra quem amo que me ama
Com juras de amor infindas.
Passar perfume cristal
Pra quando ela for passar
Sem perder a confiança
Que ela já vai chegar.
Vou-me embora pra infância
Ouvir meu avô contar
Que o futuro me espera
E os sinais da Nova Era
Pode me decepcionar.
MARCOS DOS ANJOS