ENGENHO MUNDO NOVO!
Odir Milanez
Quase nada me restou
da vida quando menino,
das imagens que o destino
do tempo modificou!
O que vivi se mudou
para o reino do passado.
Do meu castelo encantado
já não sei do paradeiro.
Chorei, pisando o terreiro
de um Mundo Novo arruinado!
O castelo da fazenda,
em meio à cana caiana,
o doce cheiro de cana,
como se fosse oferenda
a desprender da moenda,
maturando no melado.
Meu avô de braço dado
com vovó, no romanceiro!
Chorei, pisando o terreiro
de um Mundo Novo arruinado!
Cadê a cruz da capela,
cadê os anjos de barro?
Cadê dos santos o carro
conduzido com cautela?
Cadê de Rubens a tela
com Cristo ressuscitado?
A toalha de brocado
para a missa do vaqueiro?
Chorei, pisando o terreiro
de um Mundo Novo arruinado!
De seu telhado lembrei,
numa ripa pendurada,
de uma cobra acachapada ,
de que tamanho não sei.
O musgo tirar tentei,
mas já se havia alastrado.
Do muro alto, pedrado,
um quase nada inda inteiro.
Chorei, pisando o terreiro
de um Mundo Novo arruinado!
JPessoa/PB
09.06.2015
oklima
Sou somente um escriba
que escuta a voz do vento
e versa versos à vida...
odirmilanez.blogspot.com
Para ouvir a música, acesse:
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