Luz e treva
.:.
Vida minha, minha efêmera vida.
Que saudade sinto das noites primeiras minhas.
Quando, assustado, despertava carpindo.
E minh’alma envolvida d’extremos – treva e luz,
sobressaltava-se aflitiva n’amplidão.
E minha mãe, mãe doce minha,
d’altas virtudes – Ah mãe;
de amor, desmedido e casto amor,
erguia-se, sem reclamar,
afagando, amavelmente, o querido filhinho seu.
O ninar: Ah mãe quanta saudade sinto.
Lembro o bailado da rede,
a voz, voz tua sublime, a cantar;
que deveras melodiosa,
meu pranto, por vezes, conteve.
Minha vida, vida efêmera minha.
Qu’aflição sinto ao perscrutar as noites futuras minhas;
quando à visita da morte – imagino – sorrindo,
minh’alma, então, solta de todo, de pleno,
voará, sem correntes, livre n’amplidão.
Fortaleza-CE, 02 de outubro de 1999.
22h58min
.:.
Do meu livro 'Anversos de um versador'