Sendo criança
Queria correr de pés descalços,
sentir a emoção de aprender a fazer laços.
Pique – esconde, corre-corre, amarelinha e aulinha
escrever no quadro negro, explicar a alunos invisíveis, falar sozinha.
Pensar que sei de tudo e que muito conheço,
brincar de mercadinho sem ter noção alguma de preço.
Carregar bonecas para cima e para baixo e não querer soltá-las,
pegar borboletas nas mãos fazê-las voar, para o alto tocá-las.
Enfiar-me para debaixo da cama, chorar e lamentar,
dizer que sofro e que não tem ninguém há me amar.
E em um segundo depois todo o sofrimento se esgotar,
pegar uma corda e ir alegre pular.
E se estava em grupinho, era vez do elefante colorido,
correr descontrolada, cultivar todo dia um esfolão novo e doído.
Cair e tropeçar,
emburrar-me e desemburrar.
Mas um pouco desta criança ainda guardo em mim,
continuo chorando e rindo, sou assim.
Por momentos crio meu mundo de fantasia,
que antes era mais intenso, mais real, ai quanta nostalgia.