café da manhã
Minhas lembranças ainda tem o cheiro
Do café que minha mãe fazia no fogão a lenha,
E dos bolinhos de chuva
Que adoçavam nossas manhãs.
As carinhas sonolentas iam aparecendo de repente,
Uma atrás da outra de contente,
Para o dia que se abria para nós...
Éramos nove, os filhos que a minha mãe teve.
Apesar da vida tão sofrida,
Cada um era o seu tesouro,
E se dizia a mulher mais rica.
Minha mãe agora também é lembrança,
Tão doce quanto os cheiros das manhãs
Do nosso distante tempo de criança.
Eu só não sabia que a saudade doía tanto
E que as manhãs perderiam o cheiro
Que havia na mesa do café.
Cada um tomou rumo na vida,
Os homens agora acordam apressados
E a mesa vazia, não tem mais bolinhos.