Sumi de você
Nasci assim, um gauche no mundo,
um errante de estradas solitárias,
um fantasma das sombras,
o silêncio de montanhas sem donos,
sumi de você porque sempre fui imaterialidade,
essa veia sem sangue à circular,
esse coração sem batidas audíveis...
Minha transcendência não me permitiu me humanizar,
meus dias eram de vazios tentando em vão preencher lugares,
buscando cobrir a ausência de meu toque, de minha voz,
sorrindo entre lágrimas para um espelho sem reflexo,
e a cada tristeza, uma ventania dizimava meus sonhos,
cobrando o preço a um indigno de esperanças,
apontando o dedo da realidade contra minhas ilusões inconsistentes...
Fomos um feliz encontro num desolador deserto,
um partilhar de noites em confidências esmaecidas,
enquanto o tempo girava a roda da fortuna para azar dos infiéis,
minha sanidade entre esquecimentos e loucuras insólitas,
na dor de cada frustração encarceradora,
você sempre mereceu mais do que isso,
porque afinal sempre fostes bela demais para minha escuridão...