Abril nostálgico (Décimas de saudades)
Abril nostálgico
Rasgou, no céu de abril,
retumbando, a trovoada;
Na chegada da alvorada
o sol, de fininho, sumiu...
O tempo sequer se abriu
e o dia chorou cinzento,
meu riso se foi ao vento,
nasceu, em mim, tempestade...
Me escureci de saudades
te ilhando nos pensamentos.
Chovi de descontentamento
perdi minha sobriedade
co'as torrentes que me invade
e alagam os meus sentimentos.
Temporais de sofrimentos
pr'uma alma a penar febril,
meu corpo jaz com o fastio,
insone nas madrugadas,
recebendo às enxurradas
lembranças: a dor e o frio.
O amor não me faz vazio,
em mim, não tem validade
por isso sofro as saudades
no peito, esse calafrio.
E quando começa abril,
em mim, a aspereza aumenta,
minha vida se faz tormenta
com a nostalgia invernosa.
Tu vens como rebordosa
e a minha paz arrebentas.
Minha solidão se alimenta
das saudades em polvorosa,
lembranças perniciosas
dessa paixão que atormenta.
Meu ser, cego, experimenta
revoltas de um mar bravio.
Em meus olhos correm rios
tristes e minh'ama encharcada
faz retumbar às trovoadas,
um bem que um dia existiu...
Beto Acioli
24/04/2015