"Pra te dizer".
Pra te dizer.
"Um dia muito solitário, eu olhava o mar
E ao ver sumir-se, naquela imensidão,
Um saveiro que partia, lembrei-me que, como ele,
Um dia, também deixei a terra que aprendi a amar
Não resistindo à recordação,
O meu pranto caiu,
Sim, caiu e, na areia, se infiltrou.
A onda viu-o e apiedada, os meus pés ela afagou.
Olhei para onda, meu amor,
E ao ver tua imagem,
Na praia, adormeci.
O tempo passou, e ali, fiquei a sonhar
Sim, a sonhar com muitas coisas lindas pra te dizer
Porém, ao dar por mim, tu não estavas mais a me afagar.
Perguntei, então a brisa, o que foi feito de ti,
Ela muito tímida, me respondeu a sussurrar:
Eu a levei, meu filho, quando percebi que em sonho,
Tu estavas com ela a conversar.
Ouvindo estas revelações, deixei a praia
E pra cidade, segui a pensar
Confesso que, ainda, por muitas vezes,
Eu parei para olhar o mar.
Vendo, porém que era em vão,
Tentar rever-te,
Sentei-me de fronte de um jardim
E, ali, fiquei a meditar.
O vento, cândido, soprou,
E, observando, no viçoso arbusto,
Uma rosa a bailar,
Eu fiz este poema,
Pra te dizer, hoje,
Tudo quanto naquele dia,
Eu sonhei pra te falar."