A Eternidade
A tempestade não perdoa, a noite é gelada
A insónia assombra esta mente atormentada
Caneta que deslizas, porquê palavras de terror?
Serias a única a libertar-me da dor
Noite gelada, noite de terror.
Ó vento que segredas? Não entendo o que dizes
Serão palavras tenebrosas? Ou momentos felizes?
Ruídos da noite, abandonai minha mente
Ou assombrado morrerei, estou ciente
Vento o diz, vento o sente
Passado é enterrado, não mais retornará
Então o roçar na porta, nada representará?
Será um fantasma? Uma assombração?
Irá adormecer comigo? Uma perpetuação?
Assombro ou frustração?
Aquele rosto, aquele olhar ali, suspenso
Penetra-me a alma, o negro torna-se imenso
Na parede, o rosto é o teu e penso em ti
No vazio que sou, naquilo que senti
Medo que reflecti
Pesadelos numa pesada e sonolenta melancolia
E aqueles sonhos de tudo o que eu seria?
Os lençóis é o que persiste ao meu sofrimento
Eu, asfixiado nas trevas e afogado no desalento
Morre pensamento!
Tu, que me roças na porta, não entrarás!
Viverás de tentativas falhadas e morrerás!
Não serei teu escravo, seu parasita!
Não triunfarás sob esta força infinita!
Promessa assim escrita!
A morte nos separou, mas nos juntará
Assim como tu partiste, nada retornará
Juntar-me-ei a ti, na eternidade
O tormento morre, virá felicidade
Profunda insanidade!