Vamos Brincar

Ta escuro; mas não deixamos de ser fruto. Talvez da inconsciência ou da concupiscência que baniu a moral e a integridade de nossos antepassados.

Fruto de um prazer sem ingenuidade...

Fruto de uma semente plantada e muitas vezes assassinada; sem personalidade, apenas uma identidade rasgada.

Queria um nome e uma chance; a de andar de bicicleta.

Figuinhas!

Já e minha vez de jogar?

Eu te achei primeiro.

Ah... mas continua escuro e sem dor, apenas, pavor de não poder enxergar nada e muito menos colocar meus pés em uma estrada...

Estrada que permita conhecer ou ver, ganhar, rir e chorar; estrada com começo, meio e fim, que só é permitida aos que tem a chance de nascer...

Estrada chamada vida.

Mas para quem posso recorrer meus direitos?

A quem devo cobrar respeito?., por favor deixe-me molhar os lábios em teu seio e me alimentar do teu carinho e atenção., e ouvir sua voz até que eu adormeça em seus braços, então, poderei até sonhar e com os olhos fechados sorrir para você. Mas onde esta você?

Não deixei de ser fruto, talvez de um estupro ou da inconsciência...

Talvez da imoralidade e imprudência; ou talvez de uma aventura...

Fruto do pecado sem responsabilidade e com meu sangue esta sendo pago.

Nem tudo que se planta nasce, nem sempre podemos recorrer a justiça, mas somente lamentar que o livre arbítrio nos permite errar.

Se não fossem as mãos assassinas tomadas pelo egoísmo, que abraçaram um coração que a pouco começou a bater...

Se não fossem as mãos frias, calculistas sem sentidos...

Se não fossem as mãos que não desejaram dar a oportunidade, vencida pela fragilidade e por mais; penso em quem sou ou quem seria...

Talvez um doutor entendido do corpo, dos átomos ou das leis; ou talvez...

Talvez corresse por meus longos dedos a harmonia contida e inspirada em uma vida vivida, fábrica de som, atingindo pessoas bonitas, brancas e negras...

Talvez, um assassino sem futuro, sem destino, morte matada antes de chegar ao fim da estrada...

O futuro... o futuro já não existe mais; quem sou ou quem seria, lembrar das mãos que um dia só sentia, mas não viria...

Não sei quem sou, nem quem seria, mas tenho a certeza da conseqüência que pode lhe ajudar; perdoar a si próprio. Novos frutos plantar.

Felipe Nunes.

24-ago-05