Lembrar do que findou
Quando só resta o silêncio e barulhinho dos passos pela casa
Os pensamentos borbulham numa velocidade agoniante
Embaraçam os sentidos parecendo com as fitas cassetes destruídas num impulso natural de raiva ou, quem sabe, de decepção.
A memória também traiçoeira trás de volta as lembranças de um passado bom e também do corte que não cura e nem diminui de tamanho.
Mesmo com toda dor e todo desconforto que sempre surge durante o dia
E que comprime a garganta quando a sua própria presença o assegura
Insistimos em tentar viver e reviver e sobreviver
É nesse instante que passamos a pensar no que nos seria com a inexistência desse sentimento
E nos deparamos com a consciência breve de um tempo que não voltará e que nunca o recuperaremos.
Nos deparamos presos a um passado de um futuro não vivido
Nem com planos escritos e acordados
Nem mais com o zelo e o deleite de presenciar a liquidação de uma saudade semanal.
É com uma leve dor que se recorda de tudo
E é com dor que se engole o choro e não se permite mais entristecer
Ainda que nada esteja resolvido ou esclarecido como um fim decente.