Rondó
Meigo amor e doce amante,
Nesse instante suspiroso,
Mais saudoso é o verso;
E no verso vou chorar!
No Rondó, a palpitar,
Esse verso vai cantando,
Num suspiro doce e brando,
Para a saudade embalar!
E o verso a murmurar,
Neste Rondó lacrimoso,
Faz-se 'inda mais saudoso,
Pra que te possa tocar!
Meigo amor e doce amante,
Nesse instante suspiroso,
Mais saudoso fica o verso;
E no verso vou chorar!
Envolve-me a tristeza,
Numa saudade infinita,
Que me deixa tão perdida
E meu pranto faz rolar…!
Meu coração, com saudade,
Anda mais triste e sombrio
Como as ondas de um rio
Quando rolam para o mar!
Meigo amor e doce amante,
Nesse instante suspiroso,
Mais saudoso é o verso;
E no verso vou chorar!
Das manhãs, conto as auroras,
Do campo, conto as flores;
Os nenúfares d'amores
São os que mais sei contar!
Conto abelhas douradas…
— As abelhas laboriosas —
Que teimam entre as rosas
O néctar a procurar!
Meigo amor e doce amante,
Nesse instante suspiroso,
Mais saudoso é o verso
E no verso vou chorar!
Meigo amor, se me escutas…
Eu choro manso e baixinho
Como trina o passarinho
Que ao ninho quer voltar!
Vem por fim a essa tristeza
— A saudade que me assola —
Vem Amor, mas não demora!
Faz meu pranto se calar!
Meigo amor e doce amante,
Nesse instante suspiroso,
Mais saudoso é o verso;
E no verso vou chorar!