Quando a chuva cair
Quando a chuva cair no meu quintal,
vibrarei sentado na minha varanda,
desprovido do medo de raios,trovões.
olharei a janela como numa vitrine,
Cheia das coisas que nunca comprei.
Quero ver agua caindo sobre a terra,
chuva fecunda a sementes da vida,
ouvirei cantar um sabiá laranjeira,
beijarei cada gota na minha janela.
As três velas em chama no castiçal,
testemunhas do medo da escuridão,
derradeiras esperanças de chuva.
Velas que não cessam de iluminar,
Ouvirei o vento como anunciação.
Deixarei sob a goteira a lata velha,
Ouvirei o som duma lembrança boa.
se os raios não vierem assombrar,
correrei feliz descalço na enxurrada,
aportarei minha esquadra de papel.
A mãe na varanda mão no queixo,
medo de que venha a se constipar,
o menino só quer brincar na chuva,
sabe do chá amargo que vai tomar.
Mas quando a chuva cair...
Eu sei, o menino renascerá.
Toninho.