Saudade

Navegando por águas inavegáveis

Recortando as espumas e dançando sobre as ondas

Vinha o meu sonho, meu canto, minha prece

A doce aurora das trevas do meu fado

Rasgando os mares com dedos de ferro

Ao som da harmonia diabólica de nereidas pérfidas

Seus clamores a ecoar pelas águas salinas

O meu encanto fez-se forte

Balançando em trevas e trovões

Na noite negra em que revolto o mar urrava

O hálito pútrido de Kraken lhe chegava aos flancos

Oh pálido sonho que me embalava

Sacolejando em meio ao amanhecer

Com gotas de diamantes e rubis pingavam-lhe no casco

No mastro uma bandeira negra

Em meu peito uma flâmula vermelha

Correndo em direção as ondas que quebravam espumosas

Esperei afogando-me em ansiedade

O meu desejo soprado aos céus

Materializar-se em meio ao azul infinito

Sorrindo extasiada à beira mar

Eu vi surgir um barco a remo

E nele vi meu amado a sorrir-me cansado

Seus olhos cansados, meu Oasis ansiado.