ÁGUAS GOTEJANTES

Chuva que traz uma saudade
que deixa meu coração vazio,
retirando toda a claridade
lembrando um dia tão sombrio.

Uma recordação que sacode
que gera tristeza na poesia,
dor, desespero que explode
ao lembrar quem não devia.

Longe, juventude, a lonjura
e a lembrança não retira,
chuva caindo, uma tortura
meu pulmão, mal respira.

Se amei, por que sofrer tanto?
Por causa de um amor desfeito,
molha os olhos, desce o pranto
dói a alma e coração no peito.

Sei que nem tudo na vida passa
não são como águas gotejantes,
não se dissipa como uma fumaça
nem some, com os ventos uivantes.

Diminue a chuva, caindo leve
já vejo lá fora  uma flor amarela.
Trêmula, a mão de quem escreve
parece ver um rosto na janela.

Esse tal caminho da felicidade
que para mim nunca apareceu,
só vejo onde mora a saudade
e onde, o amor nunca nasceu...


 
GIL DE OLIVE
Enviado por GIL DE OLIVE em 03/12/2014
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