SAUDADES

A saudade é uma aquarela

De cores irisantes...

Que pinta amarela

A cor da minha janela.

Saudade é uma ausência de silêncio... a lembrança do que ficou para trás.

A Saudade que dói e machuca... queima o pensamento e trás recordações de um passado magoado... Duma vida que se quer esquecer... de momentos que ficaram debaixo dos contornos das sombras do tempo e que ficou travado no peito... e das horas que teimam em passar...

A saudade que me habita se aninha em meu coração, a voz fica presa na garganta e há um desencanto que se quebra dentro de mim.

Passa o tempo... remenda-se o pensamento, mas a tristeza é uma imagem vazia refletida num espelho quebrado... que vai gritando ao vento, o eterno lamento das minhas eternas lembranças... as negras mágoas que pairam nas noites sofridas com sonhos e pesadelos e os fantasmas dum passado remoto que inundam as paredes de vidro do meu quarto... nuas... vazias... escuras e silenciosas... meus olhos esvaziam-se de tudo... a ausência de sentimentos martiriza a solidão...

Quantos lugares de sonho, hoje vazios... que ficaram para trás. Quantas pedras arremessadas que feriram e ferem minha alma... quantas lágrimas de sangue escritas no silêncio das noites insones... quanta saudade me anoitece e quanta revolta vai crescendo dentro de mim...

Ter de partir e deixar o que se ama por injustas acusações é um duro fardo que se carrega sem compreender o porquê da injustiça dos homens... o porquê das pedras do caminho... o porquê dos segredos guardados nas lágrimas amargas... o porquê dos medos nas noites de tempestade... o porquê do pânico dos raios que se rasgam no firmamento da minha angústia... quando minha voz se cala e meu corpo estremece agonizante...

Ah, como me dói o passado... a vida... a solidão dos dias sombrios... as mágoas que vão envelhecendo dentro de mim e escorrendo nas lágrimas que sangram e se transformam em rugas sem futuro... sem viço e sem esperança...

A saudade é uma luta incansável contra a partida... um barco á deriva num destino incerto... uma lacuna em céu aberto... uma doce lembrança da felicidade que um dia foi sonho que se idealizou... mas que algum dia sequer se concretizou.

By@

Anna D’Castro

Anna DCastro
Enviado por Anna DCastro em 12/10/2014
Código do texto: T4996303
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