Desabafos
Saudades de quando você me olhava
De quando nossos olhos se encontravam
E por um longo tempo você os encarava
E eu envergonhado tentava, sem sucesso, me esconder.
Saudades de quando suas mãos caminhavam pelo meu corpo
E teus lábios brigavam uma briga amigável com os meus.
Saudades de quando você me deixava sem ar
Num carinhoso e apertado abraço.
De quando teu cheiro grudava em minha pele
E os fios longos de seu cabelo ficavam em meus ombros.
Saudades de amar
Quem quer que fosse
Sofrer por isso
E me confessar na poesia
Tentando nela achar alguma alegria
Transformando sentimentos em péssimas obras primas.
Saudades da inocência que me cegava
Ao ponto de me fazer não ver, nem em mim mesmo
Algum defeito.
Saudades da ingenuidade
Que me fazia achar
Que os meus amigos
Eram os melhores amigos desse mundo
De achar que sempre presentes em minha vida
Eles estariam.
Saudades do tempo
Em que eu tinha, de sobra, tempo...
Tempo para viver.
Do tempo
Onde a única tristeza em minha vida
Era causada pela frustração
De não poder passar a noite em claro
Debaixo de um tapete de estrelas
Brincando na rua sobre a luz do luar.
Saudades do tempo...
Do tempo em que minha mente se perdia
Em centenas de palavras que nela existia
Na tentativa de encerrar de uma forma bonita
Uma poesia.