Vertentes
Campeavam na noite
Rebanhos de estrelas
E se prenunciava o dia.
Dela
Ficou a ausência
Nele
A lágrima fria.
Sobraram esperas
Que são como desertos
São caminhos incertos
Que o tempo pode apagar.
E para mais amargar
A dor que se fazia matreira
Sorveu o café da chaleira
Já nos pelegos da aurora.
E os olhos do peão que chora
Marejados do sereno da noite
Fundiram-se no seio do dia
Na tinta azul do horizonte.
E como uma vertente
Que brota da pedra fria
A pergunta nunca calava
Como podia a saudade
Ferir mais que o açoite.