Vertentes

Campeavam na noite

Rebanhos de estrelas

E se prenunciava o dia.

Dela

Ficou a ausência

Nele

A lágrima fria.

Sobraram esperas

Que são como desertos

São caminhos incertos

Que o tempo pode apagar.

E para mais amargar

A dor que se fazia matreira

Sorveu o café da chaleira

Já nos pelegos da aurora.

E os olhos do peão que chora

Marejados do sereno da noite

Fundiram-se no seio do dia

Na tinta azul do horizonte.

E como uma vertente

Que brota da pedra fria

A pergunta nunca calava

Como podia a saudade

Ferir mais que o açoite.

Maria letra e cor
Enviado por Maria letra e cor em 24/09/2014
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