À minha terra...
Hoje fui às hortas
uma estranheza tocou meu olhar
já não havia pássaros a cantar
nem moças no rio a lavar
meu olhar pereceu ali,
o entusiasmo aboli
enquanto o coração o vazio aceitou.
Há dias em que me afasto um pouco
já nada é o que era, já nem eu sou!?
Precisei de voltar lá, a ver
as hortas e o rio
mas nada é o que era
meu coração regressa vazio
e embora já nada possa ser
não vou maldizer o tempo perdido
trouxe o aroma das laranjeiras
nos olhos a luz de mais um dia amanhecido.
Trouxe o sereno da tarde
que consolou o meu peito
por mais que me digam a verdade
aquele ledo encanto é meu coração que sabe.
Quando me disponho a regressar
há sempre uma lembrança a despertar
no chão desta minha terra, ou no firmamento,
que valem o meu sorriso
voltar lá sempre preciso.
O que busco? Nem eu sei!
Talvez o canto do grilo,
talvez meus passos de criança,
talvez a serenidade
o meu grito de despedida ou de esperança
ou será a saudade?
natalia nuno
rosafogo