SAUDADE
Envelheço
na velocidade do tempo.
As rugas nascem
lentamente.
Sinto o cansaço
nas veias.
Nasci para morrer
e sempre saberei disso.
Volto à infância
e subo a mangueira
de onde olhava o bairro
e onde me protegia
dos males e das surras,
dos carões e do tédio.
Nem sei se cresci mesmo.
Caminho na chuva.
Brinco sob as gotas
da chuva
que nunca cessa.
Escuto a voz de meu pai
contando histórias.
Vejo a minha mãe
falando sobre tudo
no silêncio de seu olhar.
Sofri muito.
Ri um pouco mais.
Amei canções.
Encontrei poetas.
Saudade?
Só daquilo que virá.