Procura-se
Amanhã partirei
Para um caminho sem volta
Irei trilhar nas nuvens
Atrás do enigma
Amanhã partirei
E smplesmente
Desaparecerei
Tudo que restará de mim
Serão comentários
Serão sussurros
Indagações,
Metáforas rompidas
Pela asfixia
Do tempo
Amanhã descerei ao
Sorvedouro de gente
Que tritura ossos,
Que pulveriza almas,
Não restarão cacos e nem fragmentos
Toda minha herança
Será poética,
Didática,
Acadêmica
Registrada em papel
Em lágrimas
Em acenos
E, sobretudo
pela presença.
Meu perfume desaparecerá
Não será mais fabricado.
Meu nome será sinônimo de enigma
Tal qual o triângulo das bermudas
E, assim após desaparecer sem
Pistas
Após ser sugada
Pelo enorme buraco negro
Que sempre existiu no
Universo
Renascerei em algum lugar,
Me alojarei em algum ventre
Terei algumas emoções,
Gotículas singelas de afeto
Que serão junto com orvalho
Minha única água.
Amanhã enquanto todos
Procuram-me
Estarei em alguma nuvem
Posada sob a simetria
Enigmática dos desenhos mentais.
Poderá a nuvem ter forma
de carneiro,
Ou de cavalo,
Poderá a mancha no chão ter
Formato de índio
ou águia
Quem desenhou o quê
nesse mundo?
Estéticas aflitas procuram
Contorno lógico
A mente monopoliza
o coração
e, quando o amor se desfaz
solta fios,
um a um, lançado
no vento,
pela vaidade
de destruir.
E quando só restar poeira
e vento
Sem velório ou enterro
Uma pessoa morre
E permanece viva
Uma pessoa desaparecerá do cenário
E vira
parte do
script.
Só amanhã
As palavras verterão livres
Da dominação dos homens