Procura-se

Amanhã partirei

Para um caminho sem volta

Irei trilhar nas nuvens

Atrás do enigma

Amanhã partirei

E smplesmente

Desaparecerei

Tudo que restará de mim

Serão comentários

Serão sussurros

Indagações,

Metáforas rompidas

Pela asfixia

Do tempo

Amanhã descerei ao

Sorvedouro de gente

Que tritura ossos,

Que pulveriza almas,

Não restarão cacos e nem fragmentos

Toda minha herança

Será poética,

Didática,

Acadêmica

Registrada em papel

Em lágrimas

Em acenos

E, sobretudo

pela presença.

Meu perfume desaparecerá

Não será mais fabricado.

Meu nome será sinônimo de enigma

Tal qual o triângulo das bermudas

E, assim após desaparecer sem

Pistas

Após ser sugada

Pelo enorme buraco negro

Que sempre existiu no

Universo

Renascerei em algum lugar,

Me alojarei em algum ventre

Terei algumas emoções,

Gotículas singelas de afeto

Que serão junto com orvalho

Minha única água.

Amanhã enquanto todos

Procuram-me

Estarei em alguma nuvem

Posada sob a simetria

Enigmática dos desenhos mentais.

Poderá a nuvem ter forma

de carneiro,

Ou de cavalo,

Poderá a mancha no chão ter

Formato de índio

ou águia

Quem desenhou o quê

nesse mundo?

Estéticas aflitas procuram

Contorno lógico

A mente monopoliza

o coração

e, quando o amor se desfaz

solta fios,

um a um, lançado

no vento,

pela vaidade

de destruir.

E quando só restar poeira

e vento

Sem velório ou enterro

Uma pessoa morre

E permanece viva

Uma pessoa desaparecerá do cenário

E vira

parte do

script.

Só amanhã

As palavras verterão livres

Da dominação dos homens

GiseleLeite
Enviado por GiseleLeite em 17/05/2007
Reeditado em 17/05/2007
Código do texto: T490162
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