Pé de Borboletas Azuis
Eu queria ser uma árvore:
Um pé de borboletas azuis.
E então eu alimentaria a tua fome...
Que nunca foi de comida.
Que era uma fome de busca... Eu sei lá de quê.
Que era uma fome de pensar sobre gentes.
E comerias tu todas as borboletas azuis!
Da tua fé na santa...
Da tua fé nas gentes...
Da tua fé até em mim:
Eu - árvore cinza que sou.
E no depois...
De certo soprarias uma paz utópica e azul - Quase tua.
Paz sonhada por ti...
Sobre todo o mundo de gentes!
Gentes que tu nunca entendeste.
Gentes que, talvez, nunca te entenderam.
Paz que tu nunca a encontraste.
Eu... Árvore muda tua - Cinza.
Estérea... De borboletas azuis... E paz.
Enquanto muda... Ando a regar-me.
Num regato pertinho que brota das pedras:
Duras saudades.
Karla Mello
24 de Julho de 2014