PALAVRAS TROPEÇAS II
Para Karoline Santana (Amy)
"Meu ardor foi uma ferida, latente
Aqui mantida
Entre o sexo e o coração.
Um olhar distante
Carente afeição.
De tão vazio
Fico cheio
Motivo de negação
Ou de anseio,
Pela tua volta,
Uma simples apelação.
Queria eu isto não sentir
Só sei viver pelas dores
E delas me manter.
Dizer o querer,
Pois seus motivos entendo
Compreendo-a da mesma forma
A me compreender
Do anoitecer, ao amanhecer
Do viver, ao morrer.
Teu primeiro chorar
Tornou-se um desgosto
Minha falta de costume
Nunca soube eu direito entender
Essa louca vontade
De sair a te procurar
Querendo somente te ver
Num poço
Onde estava eu tentando subir
Com medo de te perder
Em mim
Me escondi.
Hoje tento fazer do presente
Por parte do passado
Um pedaço de um futuro.
Tentei compreender
Desde o primeiro instante
Como minhas dores
Pareciam tanto com as suas.
Hoje sou um corpo com ou sem alma
Numa escuridão
Na qual não sou digno
Patente de moribundo
Canção dos entristecidos
Vagante albino
Pois entendi finalmente
Que eu não podia ser amor.
Preso em mim
Tento lamber
Minhas feridas abertas
De alguma forma encontrar a cura para esta dor
Uma forma de me fazer adormecer
E novamente
Voltar a chorar
Com você,
Voltar a viver.
Ou, apenas
Sonhar. "