Minhas Lembranças de Aimê
Tão confuso como ti,
e como tudo que vivi com ti,
são as lembranças dos nossos
ir e vir.
Eu que tanto te prometi,
ser melhor, mais forte,
mais qualquer coisa que ajude...
Eu fiz tudo que pude!
Mas no fim foi tudo desacerto.
No meu peito ficou esse constante aperto,
e sempre que me deito
de alguma forma eu te vejo.
Te vejo como um pedaço de mim,
como uma alma afim,
como fada sorridente, borboletando
como donzela do inferno, me esperando.
Sinto você tão perto,
em meu quarto ou qualquer lugar do mundo,
e no entanto você está tão longe,
separados pelo abismo mais profundo.
Você se foi
e deixou em meu coração o amor mais puro
que eu já senti, que jamais sentirei.
Você se foi, mas eu fiquei.
Amor perdido, desperdiçado,
amor sofrido, despedaçado,
amor partido, abortado,
amor sentido, amor calado.
Mas quando juntos, machucamos um ao outro,
e a distância caiu-nos bem, longe estamos
e longe devemos ficar.
Mas esse maldito coração insiste em lembrar.
Talvez não seja tarde demais,
mas ainda que não seja, deve ser.
Vamos sempre sair feridos dos nossos encontros,
somos dois prostituídos, acostumados a bater ponto
naquelas ruas de garoa e neblina,
nas suas e minhas esquinas,
na nossa louca e imprevisível rotina.
Você se foi
mas deixou um buraco em meu peito.
Você é quem eu nunca quis ver partir,
é a pessoa que eu insisto em não desistir.
E vai existir em todo som de piano,
no sopro do vento serrano,
no silêncio que antecede a calma,
vai existir para sempre em minha alma...