Desejos

O que mais quero? Não pertencer,

Ser a própria aridez da ausência,

Sentir o tempo escorrer, a saudade

Ferir a distância exata de seus agudos.

As fontes eternas, ricas de água fria.

As tempestades do mar em praia segura,

O riso inocente das crianças em dia azul

As madrugadas sonoras feitas de chuva.

O que mais quero é este dia nublado,

A sorte alegre dos pássaros ao céu,

O sonho que se cumpre sem grandes presságios.

A honestidade de uma paixão e suas ardências,

As festas de fim de ano com abraços e luzes,

A tristeza encontrada enfim sob as pétalas dos dias.

O que mais quero é o que me inunda

E não tem nome: vício transcendente,

Luz que inaugura novas realidades,

A densidade poética de um abraço.

O que mais quero é o amor e sua força bruta

Em mim, me cavando, me diluindo,

Me sumindo até não restar nada,

Nada além de um nome prosaico

Que sucumbiu à força do Mistério

E que estará em paz com a Vida.

Fernando Marini
Enviado por Fernando Marini em 08/07/2014
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