Zero Hora

Lembro-me de um tempo

Quase apagado

Noites sem fim nem começo

Beirando sonhos

Tecendo as palavras

Das entrelinhas daqueles textos

De português com muito erro

Ou cheios de pretexto

Do outro lado da memória

Adormecem antigos desejos

Nuvens da madrugada exalam um bom cheiro

Todos os caminhos são tomados pelo nevoeiro

O chão tem rastros de ascendentes

Passos firmes

A cor limpa da alma bem visível

Aquela multi-colorização...

Dei passos adiante

Retornaram memórias

e se foram num instante

A leveza que as palavras não descreveriam

Fez-me flutuar

Naquele meio-termo entre ilusão e real

A água da chuva já caía no telhado

Não me senti só

A imagem suave do quadro empoeirado

Foi tomando conta do quarto

Como a boca do faminto

Devora o alimento.

.

Odirlei Lopes
Enviado por Odirlei Lopes em 02/07/2014
Reeditado em 18/06/2015
Código do texto: T4867580
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.