Olhos de Mar.
Esta parece ser a via mais usual de quem ama
No peito passo a passo, no emudecer da noite,
Ouve o compasso, é uma dor muda, que grita,
Num vai e vem em ondas, que a tudo agita...
Segue o roedor, ruindo o tempo e as horas,
Por essa trilha... A vida vazia é o que devoras!
Aos frenesis, ouço-te a voz, ressoando...
O cenário extremado aos astros comove.
As estrelas pontuam o céu cintilando,
Vem lívida a lua e luz tímida, derrama,
Sensível a aquele que ama e sonha.
Seja esse o hiato, a letargia do momento,
Que o torpor das horas abrevie em alento
Enfim da lonjura traga-me o unguento...
Tua presença vívida a abrandar o fulgor
Incinerando solidão, saudade, lamento,
No cingir doce, na tez macia, beijos ardentes,
No bálsamo contagiante e meigo que é você.
Emergida da nevoenta e ruinosa nostalgia
Teus olhos serenos de mar minha poesia
Em silêncio insistem em dizer estou aqui
E nem parece verdade lhe ver assim
Recitando novos versos, falando de amor,
Calando de vez, a voz do pesar, em mim.
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